quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Apalpar a fruta

Não tenho uma relação muito próxima com a fruta. A minha realização alimentar não advém de um pêssego maduro ou de uma talhada de melão. Como fruta basicamente porque sei que me faz bem. Tenho naturalmente algumas preferências como as cerejas, as amoras e os figos. Em igual medida tenho certos ódios como o kiwi, a papaia e a melancia (aqui utilizo o singular para não ficar já mal disposto). Ser Humano que sou, tenho também os meus momentos em que como tudo o que mexe. É obvio que continuo a falar de fruta apesar de a mesma não possuir aparelho locomotor. Gosto particularmente de comprar fruta na berma da estrada. Fico sempre com a impressão que a fruta foi apanhada naquele instante, mesmo tratando-se de mangas ou ananases, frutas muito típicas da nossa agricultura. Infelizmente não é todos os dias que me cruzo com essas frutarias ambulantes. Tenho por isso de me resignar na maioria das vezes às idas ao hipermercado. Escusado será dizer que não percebo nada no que toca a escolher fruta. Na verdade, aquilo que mais me agrada na poeirenta berma da estrada, é o facto de escolherem a fruta por mim. Nos brancos corredores das grandes superfícies não se encontra esse tipo de atenção. Da mesma forma que pago para me passarem a roupa a ferro, não diria que não no que toca a escolherem a fruta por mim. Não me peçam para apalpar a fruta pois é coisa que nunca irei fazer. É uma competência que não tenho e que não me envergonha por aí além. A minha estratégia passa por isso por confiar no olhar. Não são raras as vezes que me encontro parado a olhar para a fruta como se olhasse para um problema matemático. Invariavelmente, todas as peças de fruta em que pego, acabam dentro do saco. As minhas papilas gustativas farão mais tarde o seu relatório sobre as escolhas efectuadas.
Comecei recentemente a utilizar um critério na escolha da fruta: os autocolantes. Já se terão apercebido que muitas frutas trazem um autocolante na casca. Os autocolantes têm quase sempre a mesma dimensão, variando apenas as cores e o que lá está escrito. Pode ser a marca, o país de origem ou uma mensagem saudável. Depois de várias noites em branco a tentar perceber o porquê de tais autocolantes, cheguei finalmente a uma conclusão. A primeira coisa que pensei foi o seu propósito. Este teria de ser algo de necessariamente bom pra nós, valendo por isso a pena, correr-se o risco de alguém distraidamente engolir o autocolante. A partir deste ponto foi-me bastante fácil perceber o resto. O que o autocolante faz é simplesmente tapar o buraco da minhoca para que esta não possa sair. E toda a gente sabe que a fruta que tem bicho é a melhor de todas...

4 comentários:

Ana disse...

:D

SIL disse...

Mas para além de apalpar também há tecnicas específicas, por exemplo para descobrires um bom melão tens de lhe apalpar o cu! Quem diria que o melão tem uma anatomia semelhante a nossa? :)

Anónimo disse...

Acredita nesta dica: "o melão não é a apalpar o cu onde todos apertam, mas basta olhar para o pau (do lado contrário ao chamado cu) e quanto mais seco estiver mais maduro foi colhido. A fruta é de facto um problema. No melão o pau tem que estar seco.O figo tem que pingar, a laraja tem que ser pesada e etc etc. Mas, a fruta tem que ser Portuguesa
Bjs

SIL disse...

Bem dito :)