sexta-feira, 31 de julho de 2009

Singapura

As palavras de ordem por estas bandas sao: shopping, mall, center, forum, complex e atrium. Os edificios estao todos como que ligados uns aos outros e chega a ser dificil perceber como sair para a rua. Nunca vi tantos restaurantes em toda a minha vida como aqui. O proprio guia de viagem faz referencia aa paranoia que aqui se vive no que toca aa alimentacao. Tudo com excelente aspecto. A comida ate parece que tem rimel e faz olhinhos a quem passa. Chega a lembrar as meninas das vitrines da red light street de Amesterdao. Eu presa facil como sou, poderia ter caido em tentacao logo aqui, aos bracos destes edificios bafejados a ar condicionado. Preferi no entanto ir arriscar tudo a uma tasca em Little India. E a comida estava optima. Bem melhor do que as iguarias que fui experimentar a Chinatown no dia anterior. Nao faco ideia do que comi, mas pareceu-me que, fosse o que fosse, ou estava vivo ou estava cru. Mas a verdade ee que o estomago ja comeca a pedir os comeres da Delia ou umas assaduras de Vilar. Mas enquanto nao chega a epoca da engorda, que viverei no regresso a Portugal, vou-me entretendo por aqui a ver quem passa.
As pessoas aqui vao para o emprego vestidas como se fossem para um casamento. Ate me admiro de nao me terem dado uns trocos para a mao nestes ultimos dois dias. Isto de andar com manchas de caril na t-shirt e com um cabelo com vida propria, destoa um bocadinho...na verdade, o estilo vagabundo, nao ee seguramente o estilo local.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pre-Epoca


Nunca falei tanto de futebol como no mes que agora termina. Todos os dias havia tempo para rever os planteis do FCP desde a nossa garotice ate aa epoca actual. Ou entao lembrar os professores que tivemos. Ate mesmo as freguesias de todos os colegas da escola. Ja para nao falar de toda a gente (com respectiva alcunha) que passou pelo Agrupamento 38 da Povoa de Varzim. De tudo se fala um pouco, de tudo se partilha um pouco nesta aventura que ee a vida. Recordo as palavras finais do filme O Lado Selvagem: "a verdadeira felicidade so existe se for partilhada". Os mais puristas concordarao a 100% com esta ideia. Basta tomar por exemplo a relacao do Tom Hanks com o Wilson no filme O Naufrago, para que esta ideia ganhe ainda mais consistencia. Acredito porem, que talvez nao seja literalmente assim. A felicidade surge no individuo. A felicidade ee o individuo. Daii fazer para mim todo o sentido algo que um dia ouvi numa noite de forro brasileiro:"Voce encontra-se num deserto? Isso ee maravilhoso. Nao existe melhor companhia do que voce mesmo". A felicidade ee o homem solitario em cima de uma prancha de windsurf. A felicidade ee a mulher vaidosa que se arranja antes de ir domir. Mas o Homem ee muito grande para se deixar ficar por aqui. Por isso rebenta fronteiras e costuras. Como? Com a partilha. Ja la vao 3 meses desde que saii de Portugal. Tenho saudades, tenho! Quero continuar, quero! Tenho um plano para o que se seguira aos proximos 3 meses, tenho. Mas ainda nao ee tempo de o partilhar...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mulheres da areia


Ha uma outra Bali. Longe da loucura turistica e dos copos aa boa maneira britanica. Encontrei esta nova face de Bali em Lovina. No norte da ilha onde poucos turistas ca vem. Mas a terra vive na mesma do turismo. Existem vendedores para todos os gostos e feitios. E de tudo se vende tambem. Mesmo um corpo para uma noite mais fria ou um corpo para um longo matrimonio. Ee impossivel nao nos apaixonar-mos pelas pessoas daqui. As suas tecnicas de venda sao por demais empolgantes. Tracam relacoes familiares que nao existem "my cousin has a boat", apelam ao coracao "buy a ring to the childrens", recordam as pessoas que deixamos no nosso pais "a biquini for your sister", dizem-nos as horas "this is sunset price", obrigam-nos a fidelidade "don't forget my name. if you want pineapple again you just buy to me", elogiam as nossas pessoas "you are very handsome and that bracelet looks great on you", fazem de nos pessoas unicas "special price for you because you are my friend"... Hoje ee o ultimo dia em Lovina e ja conheco quase toda esta gente. Especialmente 4 mulheres. Mulheres da areia. Farto-me de rir com elas e agrada-me por demais chegar aa praia e ouvir do outro lado do areal:"How are you Portugal. Joao Long Bamboo." (aprendi que joao em balines significa uma cana de bamboo longa). Discutimos precos durante horas e chega a ser absurdo, por que no final, sabemos que estamos sempre a ser levados. Chega ao cumulo de ontem nos terem oferecido o almoco. Hoje vamos jantar a casa da vendedora de fruta. 14 euros para duas pessoas. Nao esta mau tendo em conta que vamos comer um galo de combate, gado gado e sate de coco. E a minha roupa toda lavada. Mas agora esta na hora de voltar para a praia e cumprir a promessa:"don't forget that you promise to give me your towel in the last day". Ee impossivel resistir a esta gente. Ainda nao cheguei aa praia e ja me estou a rir. O que raio ee que nos irao obrigar a comprar esta tarde...?!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sotaque madeirense


Tantas fotografias interessantes para ilustrar este blog e tenho algures um virus...mas na verdade os virus fazem parte da vida...mesmo os que sao obra do ser humano. Assim como as bombas! E nada mais interessante do que reter a imagem de preocupacao espelhada na face dos Indonesios no que toca as bombas de Jakarta: "sim parece que rebentou qualquer coisita". O caminho para Java continuou sendo desbravado para Leste. 4 dias de carro com um guia que nao falava Ingles mas que parecia conhecer todas as pessoas da intocavel ilha das Flores. Mais de 6 horas de carro diarias por entre lagoas multicolores, arrozais e mulheres de dentes vermelhos. E os chamamentos das mesquitas a entrarem pelo quarto durante toda a noite, tendo como som de retorno, um "foda-se" aa boa maneira lusa.
Mas Java teria de chegar um dia. Com os seus bizarros mercados de aves exoticas, artistas de ocasiao a venderem a banha da cobra e uns vulcoes prontos a serem escalados. Tudo bem regado com o famoso "hey missstttterrrrrr" que por aqui se houve a toda a hora acompanhado com pedidos para tirar fotografias. Aqui ate me sinto o Cristiano Ronaldo, mas sem o sotaque madeirense, naturalmente...

domingo, 12 de julho de 2009

Uma ideia genial


Existem ideias que me inspiram. Ouvi uma delas num paraiso de ilhas desertas do imenso arquipelago Indonesio. Terminei agora uma viagem de 4 dias dentro de uma "traineira" local. As condicoes eram tais, que a casa de banho era apenas um simples buraco feito no casco da embarcacao. Mas no fundo, tambem nao ee preciso muito mais para o que se tem de fazer...Bom, mas o que aqui importa, ee o casal de Espanhois que tambem seguia no barco. Decidiram fazer 1 ano de viagem e ja levam 6 meses no lombo. Ele engenheiro industrial e ela especialista em energias. Tiveram uma ideia. Durante o seu percurso decidiriam entrevistar viajantes solitarios e perceber as suas motivacoes. No final vao realizar um documentario explorando as varias facetas mencionadas pelos viajantes. Ja tinham de tudo um pouco. Desde um Colombiano de 15 anos ate um Italiano de mais de 60. Faltava um Portugues. A entrevista foi filmada na proa do barco, com um imenso azul celeste como pano de fundo. Daqui a um ano irao enviar o resultado final a todos os entrevistados. Pelo meio ele escreve poemas e ela tira fotografias.
Eles proprios se entrevistaram a eles mesmos no principio da viagem e irao repeti-lo outra vez no final. Comecarao por eles mesmos, esta analise do que eramos e do que agora somos. E principalmente do que nos motiva e nos faz verdadeiramente felizes. Como uma amiga minha disse: "mesmo que nao encontres nada, teras sempre optimas historias de cafe". Ainda nao sei, qual o resultado final desta minha aventura. Por agora estou numa ilha chamada Flores a arranjar maneira de rapidamente chegar a Java. Ee o que sei. Para alem disso pouco mais...ou talvez...bom talvez...a minha viagem nao va ser a inicialmente prevista... Por que no fundo tudo depende das motivacoes...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A caminho do Oriente


Viajar em conjunto, normalmente implica um plano tracado. Tendo em conta que se trata das ferias de um e da grande viagem de outro, os planos necessariamente, nao surgem com a devida fluidez. Mesmo tratando-se de amizades com uma raiz muito mais antiga que a sua propria semente, nao ee de todo simples. A viagem corre assim ao sabor da corrente diaria. Como a que hoje enfrentamos para conseguirmos estar parados a ver uma tartaruga a comer coral. A frase que mais dizemos ee: "temos de ler o que esta no guia". Mas nada acontece e Bali ha muito que ja se foi. O plano inicial era Bali, Java e Sumatra. Em vez de navegarmos para Ocidente, temos o Oriente como meta imediata. Daqui a 4 dias conseguiremos quase (ou talvez mesmo) avistar Timor. Curioso este destino. Depois de noites dormidas no conves de um barco, de ver dragoes de Komodo e nadar em mares translucidos, estaremos mais perto do meu mes de Junho. Neste momento era capaz de la voltar a nado.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ate para o ano


Pouco importa se esperei 4 horas no aeroporto. Pouco importa que tenha pago hotel para os dois. Pouco importa que o meu grande amigo se tenha enganado na data de chegada. No final, pouco importa. O que ee que isto ee? Apenas um bocadinho de stress aa boa maneira ocidental. Nada mais do que isso. Comparado com o que foi a minha manha de ontem, so pode ser anedota.
Nao ha muitas palavras para descrever a minha manha de ontem. Foi seguramente uma das piores de sempre. Tragicamente bela pela sua natureza. As emocoes. Aquilo que deixamos nos outros sem sabermos bem como o fazemos. Vi o resultado de um mes traduzido numa amalgama de comportamentos diferentes. Houve quem fugisse para nao se despedir, houve quem decidisse faltar a escola, houve quem tenha ido a escola mas tivesse regressado para casa para estar comigo mais um pouquinho. Eu tambem fiz de tudo um pouco. Beijei, abracei, peguei ao colo, empurrei, dei cachacos. Cada qual com a seu modo de expressao. Nao tenho engenho suficiente para escrever sobre o que isto foi.
Eu ja sabia que isto iria acontecer, mas nunca estamos preparados para o fim. Fiz um discurso aa Joao na noite da festa. Nao um discurso para adultos. Um para criancas. Com pinotes, caretas e voz de desenho animado. Correu bem. Mas o fim ainda nao era esse momento. O fim foi as primeiras horas da manha. Vestidos com o seu uniforme escolar e com a face encharcada em lagrimas. Nao sei o que dei a estes putos. Mas o que eles me deram a mim, ee de um valor inquantificavel. Apeteceu-me fazer-lhes a promessa de um regresso. Mas nao os quero a sonhar. O "ate para o ano" de alguns ja ee demasiado complicado de gerir.