sábado, 30 de maio de 2009

Chiclete


Sao muito os viajantes que encontro pelo caminho. Cada um com a sua historia e particularidades. Passaria horas consecutivas a escrever sobre os estranhos de passagem com quem tenho partilhado esta viagem. Homens feitos a recuperar de uma relacao de 14 anos, Mulheres corajosas que foram pedidas em casamento mas cujo noivo mudou de ideias, Jovens sem nada a sua espera na sua terra natal. Hoje decidi escrever sobre Mika. Num tour de 3 dias pelo deserto Australiano calhou-me ficar sentado ao lado de uma pequena Japonesa. Quando tirei a barriga de miserias de falar portugues com um brasileiro, decidi meter conversa com a Mika. Percebi num instante que nao percebia quase nada de Ingles. As nossas conversas basicamente traduzem-se nas perguntas que eu lhe fazia, cuja resposta comecava quase sempre com um "hummm". Por vezes la saia um "Yes, Yes, Yes" seguido de um violento aceno de cabeca. Pelo facto de quase toda a gente falar muito bem ingles, tive a lata de lhe dizer: "Nao te preocupes que eu cuido de ti. Se precisares de alguma coisa avisa que eu trato disso". Nas varias caminhadas que fizemos, eu era quase sempre o camisola amarela mas deixei-me ficar para tras algumas vezes para incentivar a Mika, pois com perna pequena, ee dificil acompanhar o ritmo. No final do primeiro jantar, estou eu a passar pela cozinha e esta ela sozinha a lavar a louca comum (panelas, travessas...) das 22 pessoas do tour. Eu cheguei a banca peguei num pano e comecei a ajudar. Quando o guia apareceu eu disse-lhe:"Pa tens de pedir um aplauso para a Mika pois ela teve aqui sozinha a lavar esta cena toda". E assim aconteceu. No dia seguinte repete-se a cena. Ja esta a formiguinha Mika a comecar a lavar a louca e eu tenho de lhe mandar dois berros para a arrrancar de la: "Ja fizeste que chegue e que sobre". Convem aqui dizer que eu quase nao falei com a Mika durante o tour. O que aqui escrevo resume basicamente a comunicacao que tivemos, pois eu dei-me logo super bem com algumas outras pessoas. Na ultima manha esta ela sentada ao meu lado a mastigar uma chiclete. Perguntei-lhe se tinha mais uma e ela disse que nao. Acaba o tour e a grande maioria das pessoas combinaram ir jantar juntas. Eu nao fazia ideia se a Mika iria ou nao. Estou eu no meu quarto do hostel a preparar a roupa para lavar, quando batem aa porta. Abro e era a Mika. Foi la aa procura dos outros 2 japoneses que tambem estavam no tour e que tinham combinado ir jantar com ela. Eu disse-lhe que eles tinham saido. Estou eu ja a comecar a fechar a porta quando ela saca do bolso um pacote de chicletes e diz:"Obrigado por teres tomado conta de mim". Ja levo quase um mes de Australia e senti como se estivesse em casa. A generosidade ee poliglota.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Pelos caminhos de Portugal

Nao existem autoestradas na Australia. Deve ser por a Australia ser um pais pequeno. Nao ee como o nosso enorme Portugal no qual as autoestradas florescem a bom ritmo. Nao me admirava nada que daqui a um par de anos haja mais uma autoestrada entre a A1 e a A8. Ainda ha espaco. Na Australia viaja-se por estradas nacionais. Uma faixa de cada lado e sem separador central. Pelo meio semaforos, rotundas e afins! As estacoes de servico sao no meio de algumas povoacoes, por isso enquanto o autocarro para da para ir aos correios tratar dos aforros ou ir cheirar as mangas ao minimercado.
A minha ultima viagem rendeu 3 filmes. O primeiro era foi o ultimo do 007 e o segundo uma comedia romantica. Quando chegou a vez do terceiro, o motorista decidiu fazer uma comunicacao aos passageiros: "O proximo filme contem alguma linguagem menos propria e algumas cenas de cama. Alguem se opoe a que eu ponha o filme?". Levantei logo a pestana para ver o que aconteceria. Silencio que se vai cantar o fado. Neste caso, silencio que aqui vai filme. Qual era o filme, qual era? Nada mais nada menos que o "Australia". Aii esta um filme pesado sim senhor :) Digno da nota introdutoria pela parte do motorista!
Ainda bem que nas viagens pelos caminhos de Portugal a unica coisa que se ouve ee:"Boa tarde senhores passageiros. A equipa da Avic que hoje vos acompanha ee constituida pelo motorista Sr. Carlos e pela assistente Sonia. A meio do percurso iremos efectuar uma paragem de 25 minutos na estacao de servico da Mealhada. Lembramos os senhores passageiros fumadores que nao poderao fumar. Os votos de uma boa viagem."

domingo, 17 de maio de 2009

Lisnave

Eu que nunca vi o mar.
Nunca lhe senti o frio.
Ando agora a remendar.
A barriga de um navio.

Fui ate Frazer Island. O guia disse: "Estao a ver aquele pedaco de terra. Ee uma ilha que se chama Australia". Os Australianos sofrem daquilo que denominei de "pequenez da sua imensidao". Ontem fiz 12 horas de autocarro e amanha faco mais 10. Por mais que se viaje, continua a ser Australia, e o povo sofre com isso. Nao ha diferencas culturais evidentes. Talvez por isso se beba tanto por aqui. Frazer Island ee a maior ilha de areia do mundo. Fiz algumas de centenas de Km em 3 dias. Nao vi dingos apesar de ter ido numa excursao de nome "cool dingo". Ee um local paradisiaco repleto de lagos transparentes de agua doce. Atrevi-me a dar um mergulho no mar apesar de saber que aqui ninguem o faz. Chamam-lhe tubaroes e o mar esta cheio deles! Ao ver algumas latas de cerveja perdidas um pouco por toda a ilha, pus-me a pensar no quanto nos alheamos da natureza. Quao longe estamos enquanto animal do nosso meio ambiente. Mas ao mesmo tempo pus-me a pensar nos proximos passos da minha viagem e na pobreza extrema que certamente verei. Talvez me pergunte entao como conseguimos tambem a proeza de nos alhearmos de nos proprios. Talvez o guia tenha razao:"O problema do aquecimento global ee que ha demasiados humanos. Parte da prole deveria ser perdida para os leoes, tigres, tubaroes... "

terça-feira, 12 de maio de 2009

Fungaga da bicharada


Cangurus, coalas, wallabies e raposas voadoras. Hoje houve de tudo um pouco. Maio na Australia ee epoca baixa e por isso tive um guia exclusivo para me mostrar tudo o que ee mamiferos aqui das redondezas. Tudo no seu espaco natural. Conseguem ver o pequenino? Foi mesmo o fungaga da bicharada.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Chuva


A chuva caiu com muita forca. Toda a gente a sair da praia e o caxineiro a chegar. "Isto na minha terra nem chuva ee" - disse Ele.

Ontem perguntei a um tipo se iria haver novamente batuques. Tinha-o visto la no dia anterior. Um libanes. Oculos de sol, cabelo aa Dino Meira e fita branca de tenista. Facil de reconhecer.
Byron Bay ee uma das mecas dos hippies, mas sinceramente comeco a achar que isto ee mais o ponto de encontro dos putos que acabam de ser maiores de idade. Raios parta a canalha que nao me deixa dormir.
Amanha ee dia de cangurus e koalas. Vou num tour e ee garantido a observacao de 6 mamiferos incluido koalas, cangurus e irmaos. Ca para mim vou a um jardim zoologico sem saber.

Estrela da tarde


Ja nao era sol. Lua ainda menos. Apenas uma estrela da tarde para guiar os surfista de volta a terra. A mim tambem me guiou. Ja que nao ha windsurf aqui, ha que aprender outras modalidades.

domingo, 10 de maio de 2009

Contradancas


Cheguei a Byron Bay. Era fim de tarde mas ainda havia bastante luz. Comprei uma cerveja e fui para a praia. Fui atraido por o barulho de uns batuques. Uma grupo enorme de hippies estava a fazer musica em cima de um paredao. Havia todos os genero de pessoas e de instrumentos. Os corpos vibravam. Eu tambem dancei. Contradancas com o por do sol ao fundo.

Red Red Wine


And with of glass of a bad wine people get to know each other.
Here are you guys: Elvis Elena, Laugh Loud Sam and Lady Victoria. Thank you for having me in your house. Take care of my chicken and please don't forget to behave as a family. Hope to see you in Portugal one of these days.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Oh Maria da-me o Pito


De todos os paises em que ja estive, a Australia ee sem qualquer duvida, aquele em que a presenca portuguesa mais se faz sentir. Qual bacalhau, vinho do porto ou broa de avintes. Portugal aqui ee sinonimo de frango. Pelos vistos temos um frango especial em Portugal e eu nao fazia ideia. Ha varios franchising espalhados por todo o pais. Os maiores sao: Oporto, O Galo e Nandos (este ultimo tem outdoors espalhados pela cidade a dizer Portugasmo fazendo referencia aa sensacao que se tem com a sua comida). Em todos eles podemos comer uma bela de uma asa ou um rico hamburguer. Tudo de frango e com as cores da nossa bandeira. Ee caso para cantar Quim Barreiros.
De todas as capoeiras
Lá da minha freguesia
Não há pito mais bonito
Que o pito da tua Maria
Oh Maria da-me o Pito...

Dia de Passeio

A agua rosa sabia a baton. Mas diziam que dava energia. Era afinal dia de passeio e eu tinha que a levar comigo.


Dois dias de trekking nas Montanhas Azuis. Caminhei sozinho por entre quedas de agua e desfiladeiros. Natureza em bruto numa paisagem a perder de vista.

Cancao de embalar

As ondas do mar cantaram-me ao ouvido. Uma cancao de embalar. Era ainda noite na minha terra. Pude entao dormir.
Palmilhei a cidade de les a les. A bolha no meu pe esquerdo ee sinal que andei bem. Calquei muito cimento e asfalto, mas fiquei surpreendido com a quantidade de relva que ha para calcar. Parques e mais parques. Campos e mais campos. Tudo no meio da cidade. Aqui nao ee preciso alugar um ringue de relva artificial para poder jogar futebol.

domingo, 3 de maio de 2009

Um Homem na Cidade


Num teclado sem acentos...

As nuvens caminham para o centro da cidade. O homem tambem regressa a casa. Esqueceu-se das janelas abertas. A chuva nao estara com contemplacoes, mesmo ele nao sendo de ca.

Sydney ee uma cidade incrivel. Em pouco mais de dois dias e ja houve um pouquinho de tudo. Galeria de artes cheia de malta alternativa, conversas com um argumentista que quer fazer uma nova versao do Robin Hood, jogo de rugby league e ate uma praia de nudista para homens velhos. Tudo bem acompanhado por pessoas que me receberam muito bem. Amanha comeco a minha propria exploracao da cidade e terca irei visitar os locais favoritos de um dos meus anfitrioes.