terça-feira, 24 de julho de 2012

A casa de banho gourmet


Hoje falaram-me da existência de uma espécie de casa de banho gourmet. Pelo pagamento de uma modesta tarifa (necessidade incluída no preço) poderemos ter assim acesso a toda uma experiência sensorial. O salmão com alcaparras conseguiu, ainda que por uma breve vantagem, manter a minha atenção confinada no almoço, e por isso, os pormenores sobre esta casa de banho tiveram de esperar pelo café pós-prandial. As nuvens com aroma a grão torrado ainda se desprendiam da chávena quando descobri toda uma série de artigos a fazer referência a “The Sexiest WC on Earth”. Limitei o meu interesse à informação disponibilizada na primeira página do motor de pesquisa. Certamente que esta casa de banho terá os seus créditos e que merecidamente deverá constar do roteiro turístico da cidade. Não ponho isso em causa e aproveito desde já para desejar o maior sucesso aos seus criadores e momentos bem passados a todos os seus visitantes. O que acontece é que eu já tenho bem claro sobre qual a casa de banho mais sexy do planeta, e por isso, não estou interessado em investir o meu tempo nesta nova atracção. Arrisco-me a ficar para sempre na ignorância, mas como em tudo na vida, temos de tomar as nossas opções e arcar com as devidas consequências.
Encontrei um dia almoço nos arrabaldes do Hospital de Évora. Recordo-me perfeitamente que pedi o prato errado. Não que este estivesse mau, mas porque o que efectivamente me apetecia era a iguaria que constava em quarta posição da lista de pratos do dia. A sofreguidão dá nesta coisas e só após umas quantas azeitonas e fatias de pão, me apercebi da precipitação que tinha cometido. Conta paga e é tempo de regressar a Lisboa, mas nunca antes, de uma actualização da função renal. A casa de banho era do género minimalista: uma retrete, um lavatório e uma toalha. Até aqui nada de novo, não é verdade? Acontece porém que as paredes encontravam-se repletas de posters e fotografias de mulheres seminuas. Sobre diferentes paisagens e nas mais diversas poses. É sempre arriscado rir quando se urina de pé, mas não consegui conter a minha alegria. Pensei em inúmeras motivações que poderiam justificar tal decoração, mas algo muito mais importante animava a minha mente: “Como será o WC feminino?”. Uma curiosidade infantil instalou-se em mim sem que eu tivesse oportunidade de a negar. Recordo-me de lançar os olhos pelo balcão do restaurante antes de me atirar para dentro do WC feminino. Poucos segundos bastaram para conhecer a verdade: uma retrete, uma lavatório, uma toalha e inúmeros posters de homens seminus. Saí do restaurante e, em cima da minha mesa, a maior gorjeta que deixei na vida…  

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