Hoje falaram-me da
existência de uma espécie de casa de banho gourmet.
Pelo pagamento de uma modesta tarifa (necessidade incluída no preço) poderemos
ter assim acesso a toda uma experiência sensorial. O salmão com alcaparras conseguiu,
ainda que por uma breve vantagem, manter a minha atenção confinada no almoço, e
por isso, os pormenores sobre esta casa de banho tiveram de esperar pelo café
pós-prandial. As nuvens com aroma a grão torrado ainda se desprendiam da
chávena quando descobri toda uma série de artigos a fazer referência a “The
Sexiest WC on Earth”. Limitei o meu interesse à informação disponibilizada na
primeira página do motor de pesquisa. Certamente que esta casa de banho terá os
seus créditos e que merecidamente deverá constar do roteiro turístico da
cidade. Não ponho isso em causa e aproveito desde já para desejar o maior sucesso
aos seus criadores e momentos bem passados a todos os seus visitantes. O que
acontece é que eu já tenho bem claro sobre qual a casa de banho mais sexy do
planeta, e por isso, não estou interessado em investir o meu tempo nesta nova
atracção. Arrisco-me a ficar para sempre na ignorância, mas como em tudo na
vida, temos de tomar as nossas opções e arcar com as devidas consequências.
Encontrei um dia almoço
nos arrabaldes do Hospital de Évora. Recordo-me perfeitamente que pedi o prato
errado. Não que este estivesse mau, mas porque o que efectivamente me apetecia
era a iguaria que constava em quarta posição da lista de pratos do dia. A
sofreguidão dá nesta coisas e só após umas quantas azeitonas e fatias de pão,
me apercebi da precipitação que tinha cometido. Conta paga e é tempo de
regressar a Lisboa, mas nunca antes, de uma actualização da função renal. A
casa de banho era do género minimalista: uma retrete, um lavatório e uma toalha.
Até aqui nada de novo, não é verdade? Acontece porém que as paredes encontravam-se
repletas de posters e fotografias de mulheres seminuas. Sobre diferentes
paisagens e nas mais diversas poses. É sempre arriscado rir quando se urina de
pé, mas não consegui conter a minha alegria. Pensei em inúmeras motivações que poderiam
justificar tal decoração, mas algo muito mais importante animava a minha mente:
“Como será o WC feminino?”. Uma curiosidade infantil instalou-se em mim sem que
eu tivesse oportunidade de a negar. Recordo-me de lançar os olhos pelo balcão
do restaurante antes de me atirar para dentro do WC feminino. Poucos segundos
bastaram para conhecer a verdade: uma retrete, uma lavatório, uma toalha e
inúmeros posters de homens seminus. Saí do restaurante e, em cima da minha
mesa, a maior gorjeta que deixei na vida…
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