quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mais tempo

Apesar de ter apanhado mais um pequenino aviao, o meu ritmo de viagem sofreu um abrandamento. Os dois grandes responsaveis por esta mudanca de atitude sao a Augustina e o Luc. Foi com surpresa, que descobri na literatura da primeira, referencias aa praia da Povoa, as batatas de Aver-o-Mar e aos tapetes de Touguinho. Um cheirinho a casa, e aas minhas repetidas tardes de sabado, passadas na companhia de um livro, cafe cheio e agua com gas. Deixei-me ficar assim, a saborear o passar do tempo no meu quarto flutuante. A mesma paz nao se sentiu nas grutas de Vieng Xay na qual os responsaveis politicos do Laos viveram mais de dez anos. Ee uma viagem fascinante por entre tuneis e instrumentos de purificacao de ar. La fora caiam 2 milhoes de toneladas de bombas. Os Americanos decidiram ca deixar uma tonelada de bombas por habitante. Um povo generoso.
Uma curiosidade por estes lados do Laos ee o facto de nos autocarros se distribuir sacos plasticos, nao va o bolo alimentar decidir meter marcha a re. As viagens fazem-se entre curvas apertadas e montanhas verdejantes. E com pneus calvos como a lei da pobreza naturalmente ordena. As pernas sao esticadas por cima de sacos de arroz e toda a especie de quinquilharia que ee possivel imaginar. As paragens para a casa de banho sao imensamente curiosas, com homens e mulheres a regar os canteiros do caminho, entre pouca vergonha e risadas.
Aa chegada a mais um pensao conheci o Luc. Um Frances de 63 anos que estaa a realizar uma viagem de 12 a 18 meses. Reformado do jornalismo, do consultorio de psicologia, da acessoria na Unesco e de 6 mulheres, anda agora a ver estes lados do mundo. Nao sei se o conceito de fast dating, se pode aplicar neste caso, mas o que ee facto, ee que formamos de imediato um caso serio de sucesso. Nunca falei tantas horas consecutivas com ninguem, e chega a ser incrivel, a confusao que armamos nas nossas conversas. O bacalhau com natas mistura-se com a filosofia de Espinoza, o milagre de Fatima senta-se aa mesa com a maneira de ser dos Indianos, as coxas torneadas de uma Australiana bailam com a tecnologia aeronautica. De tudo se fala. Sem barreiras, preconceitos ou estereotipos. Com mais tempo. Sao outras viagens. De encontro ao Homem. Essa busca continua de saber quem somos.

4 comentários:

nocas disse...

Por falar no café e na água (das pedras), quando voltares vamos ao Martinho reivindicar o pastel :)
Tás a precisar de botar corpo!

Anónimo disse...

Já não tás sozinho na maluquice. Bacalhau com natas, com a filosofia de Espinoza? E Fátima com os Indianos? Que a filosofia de Espinoza estivesse com Fátima ainda vá. Agora o bacalhau com natas tão Francês! Podias ao menos falar no bacalhau com migas (Fátima)ou nesse caso o bacalhau de caril e já lá vinham os Indianos. Não sei se alguma das especialidades de cozinha das 6 exs. do senhor vos levou a tanta divagação.
Eu cá para mim não gosto é das "espinoza" será espinhas? no bacalhau.

Pingadeira disse...

É engraçado falares nos sabados à tarde com cafá e agua. No ultimo sabado fui até ao teu "estaminé" favorito, que se encontra de frente para as nossas ricas peixeiras, ai fui abordado por um empregado que me perguntou, já não o vi-a aqui há muito, mas quem nem tem mesmo parado aqui é o comunista e o dos caracois. Respondo de imediato, andam ocupados, um há procura de poleiro(o comunista) e o outro a fugir do poleiro(Tu).

Benjamim disse...

Ainda outro dia na Ronda da Noite da Agustina me aconteceu o mesmo, uma lancha feita por um poveiro esquecida num lago nas traseiras de uma casa. Ouviam-se barulhos de mau tempo, do mar alto ....