Poucos minutos após a divulgação dos resultados das eleições
primárias de ontem, dei por mim a pensar nos placares das autoestradas que nos indicam
o preço dos combustíveis praticados nas diferentes estações de serviço. Em que
é que nós condutores beneficiamos das informações sobre os preço dos
combustíveis. Vamos por hipótese imaginar um condutor a caminho do Norte de Portugal
pela A1. Poucos quilometro antes da estação de serviço de Aveiras terá a
indicação sobre o preço dos combustíveis
aí praticado. O mesmo painel terá igualmente a informação relativa às duas
bombas de gasolina seguintes. Apesar da velocidade elevada a que se circula na
autoestrada, não passará a ninguém despercebido, que os preços dos combustíveis
são iguais independentemente da estação de serviço. O que se observa de Aveiras
a Antuã é por isso transversal a todas as outra autoestradas. A resposta à
questão que coloquei parece-me por isso bastante óbvia: os ditos painéis não
servem absolutamente para nada.
Uma vez que o preço do combustível é o mesmo, a selecção da
estação de serviço como é que é feita? O cartão de desconto ou a higiene dos
espaços, poderão ser critérios relevantes. A distância para a gasolineira será
certamente muito importante, principalmente se o tanque de combustível se encontrar
na reserva. Eu esforço-me por acreditar que o critério principal, é, na verdade,
a comida. Deste modo poderemos finalmente dar uma real utilidade aos placares
informativos. Em vez do preço dos combustíveis os painéis apresentariam o prato
do dia de cada uma das estações. Se utilizarmos o mesmo condutor que referi
anteriormente, este ficará assim a saber que dali a dois quilómetro haverá "bochechas
estufadas", em Santarém "ervilhas com ovo escalfado" e que o prato do dia em Leiria será "filetes de pescada". Estas informações poderiam até funcionar como um tónico motivacional para
os condutores mais sonolentos: abre-se o apetite, abre-se a pestana.
Os candidatos a primeiro ministro, à imagem do que as gasolineiras
fazem com o preço dos combustíveis, não se distinguiram em termos das suas
políticas. Se a minha proposta para os placares informativos tivesse sido aplicada
às eleições primárias, talvez, pelo menos, tivéssemos ficado a saber como cada um
gosta do bacalhau. A única coisa que realmente sabemos, e pegando novamente no
peixe preferido dos portugueses, é que um deles é
hoje um “bacalhau com todos” enquanto que o outro, é uma “roupa velha”. Vamos lá ver se não acabam em “bolinhos”...