quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cores primárias

Só a tua lente para me capturar assim. Sempre me vi mais monocromático. Entre o xaile negro do fado e o branco caiado do Alentejo. No fumo que exala de um cigarro e na nostalgia de uma lágrima derramada. Na geada que cobre os campos e no último suspiro de Outono. Creio que é algures por aqui que me encontro. Ver-me pelos teus olhos é para mim uma surpresa. Como se me visse pela primeira vez. Ao princípio tenho dificuldade em manter os olhos abertos. Tanta cor. Tanto entusiasmo. Tanta coisa por explicar. Eu que sempre entendi o mundo a dois tons. Maior ou menor. Vontade ou apatia. Coragem ou medo. Mas ao mesmo tempo o mundo pinta-se a três cores: azul, amarelo e vermelho. Chamam-lhes cores primárias. E é na paleta de cada um que também nos podemos encontrar. Como um farol num dia de nevoeiro. Uma pista, um rumo, um sinal. E já não estamos mais perdidos. E o dia já não é mais cinzento. E de noite vemos as estrelas. E em ti.... e em ti também me encontro.

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