A decisão sobre qual o papel higiénico a comprar obedece
normalmente ao balanço de dois critérios: marca portuguesa e número de rolos.
Na passada segunda-feira, um critério maior falou mais alto no momento da
selecção: a solidariedade. Descobri que
uma determinada Organização Não Governamental (ONG) da área da saúde,
comercializa uma vasta gama de produtos, um dos quais, o papel higiénico. Este
apresentava-se assim como um forma extremamente simples de contribuição social,
e por isso, não houve qualquer hesitação no momento da compra.
O papel higiénico foi adoptado no lar e nada de relevante
haveria a relatar até ao dia em que eu me constipei. Até esse o momento, o
papel higiénico tinha apenas sido utilizado para a sua função primária, e nesse
capítulo, não existiam queixas sobre a sua capacidade de absorção ou macieza. O
problema encontrado foi efectivamente outro: o cheiro. Comecei a utilizar o
papel higiénico para limpar o nariz e a princípio tudo também corria bem. Há
medida que fui melhorando, e que algum ar começou finalmente a circular dentro
das minhas narinas, apercebi-me então do indescritivel mau cheiro do papel.
Apesar de não ter conseguido comprovar na embalagem,
acredito que este papel higiénico tenha origem em papel reciclado. A grande
questão está em saber que tipo de papel reciclado foi efectivamente utilizado. Facturas
do gás e da electricidade? Multas de estacionamento? Recibos de ordenado? Certamente
que todos nós, em algum momento, escutamos ou proferimos o desejo de limpar o
dito cujo a um destes papeis (é importante deixar claro que é a e
não com uma vez que o sentido da intenção é distinto).
Infelizmente, o cheiro do papel higiénico solidário, é por
de mais nauseabundo para que eu acredite, que este tenha como base as facturas,
multas e recibos. Não que estes não sejam uma verdadeira trampa, mas mesmo
assim, ainda estão muito longe da pestilência sentida no papel higiénico
solidário. Para grande pena minha, apenas posso concluir, que o papel higiénico
solidário advém, nada mais nada menos, de papel higiénico intensivamente
utilizado na sua função primária.
O que realmente me intriga, é como raio terão conseguido
unir de novo todas as diferentes porções de papel higiénico utilizado. Este
processo não deverá ser nada fácil porque não existe um padrão de utilização de
papel higiénico. Por um lado, há quem se consiga governar com um ou dois quadradinhos
de papel higiénico, e por oposição, há quem coma muito feijoada.
Uma vez que a ONG trabalha com fundos muito limitados,
certamente que o processo de produção da sua marca de papel higiénico, é conduzido
de forma manual. Este facto, só por si, dá imediatamente a este papel higiénico,
o rótulo de solidário. Tal como o papel, espero que todos vós se compadeçam da minha causa, pois ainda faltam 35 rolos...
Sem comentários:
Enviar um comentário