quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Angkor

Segui os sons que ouvi. Uma musica tranquila ecoava do outro lado do templo. Encontrei-me perante o primeiro (dos inumeros) grupo musical composto por vitimas de minas terrestres. Observei proteses e begalas em pleno convivio com os instrumentos musicais. Cegos, desfigurados, amputados! Continuei o meu caminho (como o mundo sempre faz) na descoberta destes templos inacreditaveis. Sempre acompanhado pela cadencia arrastada da musica que tinha ouvido. Ja nao a conseguia ouvir, mas ela ainda me acompanhava.
Nao sei o que pensar das criancas. Rotas, descalcas, magras. Com cara de choro para o turista se comover ainda mais. "Quando voltares compras-me a mim, esta bem? Nao te esquecas, sou a numero 5". E assim comecei as compras no Cambodja. Ja tenho de tudo um pouco, e mais uma vez, nao preciso de nada. Ontem comprei uma coca-cola a uma crianca com tracos de vendedora profissional. Ee impossivel comprar a toda a gente, mas naquele preciso local, eu apetecia-me ajudar outra crianca tambem. Tinha uma candura no olhar magnetica. Se ela me tivesse abordado primeiro, teria sido a ela, que eu teria comprado o refrigerante. A crianca ja tinha percebido que eu nao lhe ia comprar nada, mas continuava a caminhar ao meu lado a conversar. Abri a coca-cola, dei um gole e passei-lhe a lata para as maos. Ela nao disse nem uma palavra e apenas olhava em volta como para perceber se a cena estava a ser real. E depois...o seu sorriso veio em toda a dimensao.
Para alem de continuar a minha exploracao de Angkor, hoje fui a um museu. Nao um museu qualquer: Cambodia's Land Mine Museum. Caminhei por entre placares explicativos do genocidio que aqui se viveu. Ou talvez ainda se viva, tendo em conta as 3 a 6 milhoes de minas ainda activas, e que ceifam centenas anualmente. Durante estes 3 dias vi muita coisa triste no meio destes templos inspiradores, mas nenhuma dessas coisas, me fez particular impressao. A vista habitua-se com o tempo. Apenas vacilei com uma coisa. Um placar que o museu tem no qual se pode ler os direitos da crianca proclamados pelas Nacoes Unidas. Lembrei-me de tudo o que vi e nao deixei de me emocionar mesmo ali.


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