sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A cova do dente

Não sei se terei algum animal favorito, mas tudo o que se assemelhe com o Simba, faz sem qualquer dúvida o meu género. Os felinos são realmente uns animais curiosos, e um dos aspectos que mais aprecio é a sua incrível capacidade de rasgar a carne das suas presas. Uma pessoa com uma coxa de frango na mão, é uma imagem já bastante estabelecida, de como também nós conseguimos demonstrar o vigor com que podemos comer. Questiono-me no entanto, o que aconteceria se substituíssemos este frango assado com picante, por uma bela manga vermelha. Não tenho qualquer dúvida que conseguiríamos arrancar um belo naco de fruta, mas o resultado seria catastrófico. Existe sensação pior do que ter um fio de manga ou uma lasca de bacalhau, entalada entre dois dentes? Então se for em dois molares, o fado ainda mais negro se torna.
Se as escovas de dentes tivessem orelhas, de certeza que estavam sempre ruborizadas como um bocado de carvão em chamas, pois é quando estas situações acontecem, que mais saudades temos da nossa esfregona dentária. Saudades da nossa ou de outra pessoa qualquer, pois quando a desgraça atinge, a assepsia fica para segundo plano. Alguém que nos acuda por favor. A língua coitada, é vê-la numa luta quase que desumana para tentar salvar-nos desta situação. É o dia inteiro para trás e para a frente numa corrida contra o tempo. Existem inúmeras estratégias para arrancar estas porções de comida, mas sobre isso não me vou debruçar, pois criaria um post interminável. Cabe ao leitor avaliar aquilo que faz e rir-se com isso.O mais incrível é o tamanhão que esses bocados de comida podem ter. Ainda hoje eu próprio me surpreendi com os meus dentes. Mas até estou contente com isso, pois daqui a pouco vou para Paris numa Low-Cost e assim já levo na cova do dente uma meia dose de “bacalhau à gomes sá” que me sobrou do almoço.

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