domingo, 6 de janeiro de 2008

A questão das mãos

Recordo uma programa sobre o Carlos Paredes. O jornalista José Carlos Vasconcelos referia que a nossa guitarra de Coimbra não sabia o que fazer às mãos. Apenas quando se sentava, com o cordofone em forma de coração no colo, é que as suas mãos encontravam algum sossego. As mãos são realmente um problema. Talvez por isso eu sempre tenha tido o hábito dos bolsos. Por vezes até encontro uma moeda que sempre entretém os dedos. Principalmente o anelar esquerdo, pois é de todos, o mais nervoso. Já se viu mais algum dedo a reclamar quase uma vida inteira por uma porção de ouro circular? Os telemóveis vieram agravar a questão das mãos. Se uma mão alheia pega num telemóvel para atender uma chamada, as nossas mãos começam com suores frios (um pequeno desvio neste caminho pois é imperetrível dizer que nunca percebi esta história dos suores "frios", tendo em conta a nossa temperatura corporal de 37ºC....). Voltando às protagonistas deste texto, temos então as nossas mãos numa impaciência quase a roçar o limiar da audição. Mil e um movimentos acontecem: vão aos bolsos ver se as chaves de casa lá estão, penteiam uma madeixa de cabelo, elevam o copo para mais um gole, afrouxam o nó da gravata...mas o nervosismo não atenua. Por fim caem novamente em tentação. O investimento na clinica de reabilitação todo por água a baixo. Num ápice atiram-se ao telemóvel como uma criança perante um frasco de biscoitos de laranja. O teclado é desbloqueado num milésimo de segundo e a adrenalina volta a circular pelos vasos sanguíneos. Mesmo sem mensagens, mesmo sem chamadas não atendidas. Um pouco de paz finalmente.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que puto de blog mais gayzola!!Vê-se logo quais são as tuas "origens escutistas"...Falta-te mesmo aquela formação dos cajanos.Pelo menos umas gajas nuas podias por aqui, nem que fosse só pra cortar esta conversa abichanada que pra aqui vai...Enfim, outra coisa não seria de esperar de um gajo do Norte que prefere marrocos pra fazer vida.Ainda por cima o título do blog é sugestivo!!Pensei eu com os meus botões:"bem se o título é colchão de água, o primeiro post deve ter a ver com espelhos nos tectos dos motéis ou então utensílios sexuais!!" Pura ilusão...Mas pelo menos já tens um sitio onde te posso mandar uns bitaites à moda de Portugal, já que abaixo do Douro já é preciso passaporte pra andar de e com camelos.Grande abraço oh rouxino!!!

Anónimo disse...

Espero que pelo menos publiques a enrabadelas que levas quando jogas squash comigo!!

Biogás disse...

telemóvel?
tenho de concordar que este blog está com um carisma muito gay... (já agora muda o fundo para cor-de-rosinha)

então e o resto das cenas que fazes com as mãos? elas são das partes mais sensíveis do corpo e que usamos para sentir a maior parte das coisas em nosso redor...

Por falar nisso, já alguém foi ver o 'Call Girl'? Vale a pena? (!)
O filme tem mais alguma coisa além da Soraia Chaves descascada?

Anónimo disse...

A mão é um dos maiores trunfos e triunfos da Humanidade.É uma ferramenta polivalente, representa mobilidade e acção. Não há 2 mãos iguais, nem mesmo as nossas, elas não são iguais, são únicas. A nossa relação com elas é profundamente emocional e pessoal. Já há 9000 mil anos essa relação ficou bem patente quando as carimbámos nas paredes de cavernas numa espécie de “EU estive/estou aqui” dinossaurico. Muitos acreditam que numa se lê o destino e noutra o percurso que verdadeiramente tomámos.As linhas das nossas mãos foram traçadas no ventre da nossa mãe e nunca mentirão a idade que têm. Elas têm gestos que nunca mentem. São uma forma de expressão e é com elas que conseguimos inventar algo tão maravilhoso como a música.O introvertido virtuoso Carlos Paredes só se conseguia expressar através das mãos nas cordas de uma guitarra. Tinha por isso o dom da oratória, usava a linguagem que mais fala directamente ao coração, a música. A música que libertava das mãos são poemas portugueses. As notas que produzia com o dedilhar dançarino nas cordas carimbaram na nossa alma para sempre a marca das suas mãos.
Não são gestos vãos os movimentos rápidos no telemovel, mas é estranha a velocidade atingida por alguns nessa “teclagem” nervosa. Não será preferivel falar?!