terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A importância da ferramenta

Hoje vou correr. Não acordei à hora devida, mas o compromisso com terceiros (porque os segundos foram há muito esquecidos pelas seguradoras), obriga-me a ir sacudir o corpo. De preferência a um ritmo mais elevado que o do merengue. Não que as danças latinas não tenham o seu suor, mas para isso são precisos uns bons sapatos de verniz, e isso é coisa que não tenho. As minhas sapatilhas estão definitivamente afastadas do "dança comigo". Estão condenadas a servir à mesa em ambientes de terra batida, asfalto ou cascalho. É a sua sina e não vale sequer a pena, a gente se indignar com isso. A semana passada debaixo de uma chuva torrencial joguei futebol. Um derby: portugueses contra brasileiros. Adivinhei de imediato que estavamos condenados à derrota. Não por causa do enorme talento carioca ou paulista, mas devido a um facto ainda mais importante: um dos brasileiros iria jogar descalço. De imediato me lembrei de uma conversa que tive com um amigo meu sobre jogging:"se não tivesse estas sapatilhas não viria correr". De facto as sapatilhas parecem transformar o corredor no Carlos Lopes (o de Los Angeles é claro pois o de agora deve estar relacionado com o milho transgénico). Depois de calçadas (com meias para potenciar o efeito), as sapatilhas dinamitam por completo a preguiça, surgindo um jorro de vontade em seu lugar. A importância da ferramenta é algo de assombroso e hilariante. A nossa dependência perante objectos assume contornos quase tão jocosos como as piadas que se faziam sobre o Bocage.
Vou tentar inverter esta corrente e por isso não vou correr. Vou a casa buscar a camisa de lantejoulas. As minhas sapatilhas hão-de servir para o merengue...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda bem que há alguém que sabe aplicar o termo sapatilhas!!!